Há um ano esse artigo era gestado como requisito da prática de docência no Mestrado da UEPB. Como estamos vivendo o Setembro Amarelo e toda uma intensa campanha de prevenção ao suicídio, julguei a data conveniente para publicar esse trabalho. Um dos mais gratificantes e intensos que pude levar a efeito.
O MARTÍRIO COMO JUSTIFICATIVA PARA O SUICÍDIO EM EURICO, O PRESBÍTERO
Introdução
O estudo a seguir propõe uma
releitura do suicídio a partir do martírio do personagem-título da obra Eurico, o presbítero, de Alexandre Herculano,
apoiando-se para isto nas considerações de Freud (2010) acerca do sofrimento
proveniente das injunções a que o indivíduo se encontra sujeito no processo
civilizatório. Embora o suicídio seja tema recorrente nas produções literárias
do Romantismo, a forma como Herculano se propõe a discutir essa problemática se
revela bastante original e provocativa.
A fim de estabelecer a diferença
entre martírio e suicídio, os apontamentos de Pearson (1997) acerca dos seis
arquétipos do herói serão igualmente considerados, além da discussão do
problema da moralidade em outro texto psicanalítico concernente à religião: O futuro de uma ilusão (FREUD, 1996). O
objetivo é identificar as correlações existentes entre o mal-estar imposto pela
cultura ao indivíduo; o discurso religioso a que o protagonista se rende como
alternativa para tamponar sua angústia; e finalmente o martírio como sofisma
para o suicídio, usando justamente o discurso católico como álibi para a
decisão de dar cabo da própria vida.
O presbítero guerreiro de Alexandre
Herculano
O
herói da trama de Alexandre Herculano é um guerreiro que, desiludido com a
impossibilidade de desposar a mulher amada devido à diferença de classe social,
condena-se ao isolamento da vida religiosa, na qualidade de presbítero da
Carteia. Com o advento da invasão moura, Eurico deixa de lado a quietude e o
isolamento do presbitério para se converter no Cavaleiro Negro, um guerreiro
que se torna sinônimo de terror para os invasores islamitas e de esperança para
os visigodos sitiados, dado o indômito furor com que se lança ao combate.
Quando o destino finalmente lhe sorri e Eurico consegue resgatar Hermengarda
das mãos do inimigo, o desditoso presbítero recorda-se do vínculo religioso que
o impede de desposar a amada, deixando-a nas mãos de seu irmão, o Duque
Pelágio, enquanto ruma para um combate suicida contra Muguite e os dois
traidores, Juliano e Opas, vindo a sucumbir em seguida. Hermengarda, por sua
vez, sucumbe à loucura depois de ver que o amado preferira a via da imolação à
possibilidade de viverem o amor que lhes fora negado no passado.
A
atitude assumida por Eurico guarda alguma semelhança com a atitude de Aquiles,
quando o guerreiro grego em resposta ao apelo de sua mãe Tétis, sentencia que a
vida deveria ser curta em comparação com a glória que lhe estava reservada por
lutar em Tróia. O que diferencia os dois guerreiros, contudo, é a motivação
comum a cada um. Enquanto o filho de Peleu e Tétis buscava a imortalidade
através da bravura, o presbítero guerreiro de Alexandre Herculano faz da sua
ida ao campo de batalha uma via de penitência. Eurico já se imbuíra por demais
do discurso da cultura para não se deixar guiar pelos seus ditames. O martírio
é a via perfeita para o suicídio, justificada pelo discurso cristão a que ele
se submetera. A apoteose de uma existência morta, consagrada ao celibato e à
privação de qualquer prazer que não fossem a oração e a maceração do espírito.
É
característico do herói esse destemor suicida com que zomba da morte no campo
de batalha, muitas vezes chamando-a para dançar consigo por sobre montanhas de
cadáveres e caudais de sangue. Por outro lado, esse mesmo destemor pode se
constituir também num mascaramento do terror da finitude que atormenta o
personagem heróico, análogo ao terror que consumia Gilgamesh na antiga Suméria
(CAMPBELL, 1997) e que fê-lo empreender a jornada que resultaria na sua
epopéia. Aliás, é curioso observar que ninguém demonstra mais preocupação com a
questão da mortalidade do que os heróis. Enquanto a franca maioria dos mortais
insiste em denegar a própria finitude, o personagem heróico tende a se mostrar
obcecado pela morte, seja no sentido de buscar uma forma de evadir-se a esse
destino inexorável, seja por enxergar na morte a única resposta possível para
crueldade e falta de sentido que assinalam a vida.
Sendo a morte uma temática
onipresente nas jornadas heróicas e sendo também algo recorrente nas produções
do Romantismo (SARAIVA; LOPES, 2005), sobretudo como alternativa para os
rigores intoleráveis da existência, não é de se surpreender que a abordagem
dessa problemática venha a se materializar na obra de Alexandre Herculano
através do suicídio longamente premeditado pelo personagem-título da referida
trama. Sim, não há qualquer exagero em falar de premeditação para o suicídio. O
“martírio” de Eurico nada mais foi do que uma encenação para colorir a sua
intenção autocida e, desta forma, isentá-lo da responsabilidade de consumar o
ato supremo. E tudo graças ao próprio discurso religioso de que o gardingo[1] se
impregnara durante os anos em que servira como sacerdote da Carteia.
A civilização como fonte de
sofrimento para o indivíduo
Em
O futuro de uma ilusão, Freud (1996)
analisa o papel da religião enquanto elemento decisivo para consolidação do
discurso cultural que sustenta a civilização. Partindo do pressuposto de que o
sentimento de insignificância e de impotência que o homem experimenta face às
intempéries da natureza ensejou a antropomorfização da mesma, devidamente
retratada nas divindades pagãs do pretérito, o mestre de Viena demonstra que,
mesmo a existência de um panteão responsável pelos mais variados fenômenos que
escapavam à compreensão e ao controle do homem, não foram suficientes para
tamponar a angústia implacável que devora os mortais, face ao real dessa mesma
condição mortal. A concepção do destino
como algo que excedia e controlava até mesmo o poder das divindades é, no seu
entendimento, o nascedouro do aspecto moral propriamente dito:
Contudo,
dentro dessas funções há um deslocamento gradual de ênfase. Observou-se que os
fenômenos da natureza se desenvolviam automaticamente, de acordo com as necessidades
internas. Indubitavelmente, os deuses eram os senhores da natureza; haviam-na
disposto para ser como era e agora podiam deixá-la por sua própria conta. Apenas
ocasionalmente, no que se conhece como milagres, intervinham eles em seu curso,
como para tornar claro que não haviam abandonado nada de sua esfera original de
poder. Com referência à distribuição dos destinos, persistia a desagradável
suspeita de que a perplexidade e o desamparo da raça humana não podiam ser
remediados. Era aqui que os deuses se mostravam aptos a falhar. Se eles
próprios haviam criado o Destino, então seus desígnios deviam ser considerados
inescrutáveis. Alvoreceu a noção, no povo mais bem dotado da Antigüidade, de
que Moira [o Destino] alçava-se acima dos deuses e que mesmo estes tinham os
seus próprios destinos. E quanto mais autônoma a natureza se tornava e quanto
mais os deuses se retiravam dela, com mais seriedade todas as expectativas se dirigiram
para a terceira função deles, ou seja, mais a moralidade tornou-se o seu verdadeiro
domínio. Ficou sendo então tarefa dos deuses nivelar os defeitos e os males da civilização,
assistir os sofrimentos que os homens infligem uns aos outros em sua vida em conjunto
e vigiar o cumprimento dos preceitos da civilização, a que os homens obedecem de
modo tão imperfeito. Esses próprios preceitos foram creditados com uma origem
divina; foram elevados além da sociedade humana e estendidos à natureza e ao
universo. (FREUD, 1996, p.11-2)
Como o próprio Freud assinala, a
questão da moralidade não era uma preocupação comum às divindades do panteão
helênico, quando do início da cosmogonia mitológica propriamente dita. Dela
viriam a se incumbir posteriormente os filósofos. A mitologia deixa bem claro
que os deuses do Olimpo eram, basicamente, humanos em toda a pujança de suas
paixões sem se submeterem, contudo, aos ditames castradores da civilização
constituída pelos mortais. Com o tempo, porém, mesmo essas deidades se
revelaram impotentes diante dos caprichos da natureza que os gregos denominaram
de Destino. De maneira que se fazia imperioso que até mesmo os deuses
observassem a existência de um poder que os subordinava e que poderia, malgrado
todo o poder de que dispunham, dissolvê-los de um único golpe. A religião
metaforizava, desta forma, a tragédia da própria condição humana: independente
de quanto poder ou saber os mortais possuíssem, a natureza continuava soberana
e inexorável. Restava aos humanos tentar se preservar ao máximo, mediante o
estabelecimento de regras mínimas para a vida em sociedade, de onde derivou a
moral como prática indiscutível para a manutenção da civilização.
O
problema da moralidade é, certamente, o calcanhar de Aquiles da civilização
ocidental – quiçá das não-ocidentais também – sobretudo por ser este o
mecanismo que tenta subordinar o indivíduo a uma ética da coletividade. Ora,
sendo impossível fazer com que a ética de um sujeito se estenda de forma
igualmente satisfatória para todos os integrantes de um determinado círculo
cultural, o que se estabelece é que todos sejam submetidos a uma única ordem,
onde o temor da punição e a promessa de recompensa se constituem em moeda de
troca na economia psíquica da coletividade.
Com o ocaso do paganismo greco-romano e a consequente ascensão do
cristianismo, o problema da moralidade deixou de ser um atributo exclusivo dos
filósofos para se constituir em preocupação central da divindade
judaico-cristã, devidamente representada na Terra pelos seus sacerdotes e
ministros. Mais do que isso: a moralidade passava a ter repercussões para além
do túmulo. A observância dos mandamentos divinos determinaria o destino do
sujeito no além-vida, o que por sua vez tornou o controle social bem mais
efetivo.
Se o controle da sociedade logrou se
tornar mais eficiente mediante a ameaça das penas eternas e a promessa da
bem-aventurança perpétua, não é menos certo que isso amplificou
significativamente o mal-estar do sujeito em sociedade. Dobrar-se a uma série
de injunções para poder integrar a coletividade sem ser molestado já é uma
tarefa assaz penosa. Fazê-lo acossado pelas chantagens de uma divindade
caprichosa e iracunda como o é o deus judaico-cristão é sobremodo mais atroz,
posto que a menor assunção – ainda que na intimidade do pensamento – da caótica
condição humana passa a se configurar como motivo para incorrer diretamente na
cólera celestial. No caso em questão, o suplício de Eurico, a quem os votos
religiosos não libertaram da lembrança constante do amor impossível. O
desditoso presbítero da Carteia busca sublimar na arte o ardor incontrolável da
paixão por Hermengarda, que as perversas convenções sociais da Espanha
Visigótica lhe impediram de realizar pela via do matrimônio.
O dilema vivido pelo personagem de
Alexandre Herculano diz bem das três grandes fontes de sofrimento para o
individuo: “a prepotência da natureza, a fragilidade do nosso corpo e a
insuficiência das normas que regulam os vínculos humanos na família, no Estado
e na sociedade.” (FREUD, 2010, p. 29). Eurico se vê às voltas com as três
circunstâncias: a paixão por Hermengarda que o atormenta ainda e sempre,
responde tanto pela natureza quanto pelo corpo; a condição de presbítero diz da
insuficiência das normas sociais para dar conta da angústia que o consome,
posto que toda a sua dedicação à vida religiosa, longe de lenir o mal-estar que
o azorraga, fá-lo recordar cotidianamente que foram justamente as convenções da
sociedade de sua época que obstaram a que ele desposasse a irmã de
Pelágio. Eurico tenta, sem sucesso,
transpor para a divindade o amor que reservara a Hermengarda, mas ao fazê-lo,
aviva ainda mais a força desse sentimento que tenta denegar desesperadamente.
O excerto a seguir, em que o
presbítero rememora a amada enquanto medita na solidão da Ilha Verde, traduz de
forma bastante fidedigna esse tríplice sofrimento que o vergasta:
Hermengarda,
Hermangarda, eu amava-te muito! Adorava-te só no santuário do meu coração,
enquanto precisava de ajoelhar ante os altares para orar ao Senhor. Qual era o
melhor dos dois templos?
Foi depois que o
teu desabou, que eu me acolhi ao outro para sempre.
Por que vens, pois
pedir-me adorações, quando entre mim e ti está a cruz ensangüentada do
Calvário; quando a mão inexorável do sacerdócio soldou a cadeia da minha vida
às lajes frias da igreja; quando o primeiro passo além do limiar desta será a
perdição eterna? (HERCULANO, 1972, p. 51)
Tem-se
aqui o clamor de um sujeito cindido entre o seu desejo mais recôndito e a
subordinação às convenções sociais. Na qualidade de religioso da Alta Idade
Média, que abraçou a vida clerical como tentativa malfadada de subornar a si
mesmo para ocultar a frustração de não unir o seu destino ao da mulher amada,
Eurico materializa o desespero de quem se vê acossado na Terra e no além-vida.
O presbítero, a despeito de sua invulgar dedicação à comunidade que serve,
padece o inferno em vida, trancafiando no peito o amargor da rejeição sofrida.
Nem mesmo a esperança da eterna beatitude se mostra capaz de apaziguar
devidamente a sua alma ulcerada e aflita. Apenas na solidão de seus aposentos
ou durante as meditações ao ar livre é que logra contemplar a imensidade da dor
que o punge, matando-o lentamente, dia após dia. O que mais uma vez remete às
considerações de Freud (2010), quando retoma os seus apontamentos acerca de
como o discurso religioso se propõe a legislar uniformemente sobre o
imponderável da condição humana:
A religião estorva esse jogo de escolha e
adaptação, ao impor igualmente a
todos o seu caminho para conseguir
felicidade e guardar-se do sofrimento. Sua técnica consiste em rebaixar o valor
da vida e deformar delirantemente a imagem do mundo real, o que tem por
pressuposto a intimidação da inteligência. A este preço, pela veemente fixação
de um infantilismo psíquico e inserção num delírio de massa, a religião
consegue poupar a muitos homens a neurose individual. Mas pouco mais que isso.
Existem, como dissemos, muitos caminhos que podem levar à felicidade, tal como
é acessível ao ser humano, mas nenhum que a ela conduza seguramente. Tampouco a
religião pode manter sua promessa. Quando o crente se vê finalmente obrigado a
falar dos ‘inescrutáveis desígnios’ do Senhor, está admitindo que lhe restou,
como última possibilidade de consolo e fonte de prazer no sofrimento, apenas a
submissão incondicional. E, se está disposto a isso, provavelmente poderia ter
se poupado o rodeio. (FREUD, 2010, p. 28-9)
Eis aí um retrato psicanalítico da
angústia humana criada e alimentada pelos dispositivos civilizatórios, sendo a
religião um dos instrumentos mais antigos e influentes no sentido de reduzir a
singularidade do sujeito a uma totalidade superficial e oca. O que Freud traduz
em seu ensaio, Alexandre Herculano antecipara em quase um século na figura do
seu herói visigodo torturado pelo passado. A diferença é que enquanto o mestre
vienense recorre ao discurso científico, o grande romancista lusitano faz uso
da literatura para materializar um drama tipicamente humano, pintando-o com
cores tão fortes e vibrantes que o leitor é levado a pensar quanto do
desventurado gardingo poderia haver em si mesmo.
Os seis arquétipos do herói: o
Mártir como paradigma ético
Em seu O herói interior, Pearson (1997) propõe o martírio como uma das
experiências de que o herói seria suscetível ao longo de sua jornada. O Mártir
constituiria um dos seis arquétipos do herói, a saber: Inocente, Órfão, Nômade,
Guerreiro, Mártir e Mago. A autora fundamenta a sua proposta não na
Psicanálise, mas sim na Psicologia Analítica, estabelecendo a jornada heróica
como uma metáfora para a própria jornada existencial.
No primeiro arquétipo, o Inocente, o
que se tem é a condição primária comum à franca maioria dos humanos que ainda
não tiveram contato com a perda, que vem se traduzir no arquétipo seguinte, o
Órfão. Aqui fica clara a correlação existente entre a psicologia junguiana e a
sua vertente original, a Psicanálise, onde Jung iniciou as suas incursões e
pesquisas pela pisque humana. A orfandade é também uma metáfora para a
castração freudiana, onde o indivíduo experimenta a perda da condição
egocêntrica inicial e se vê na contingência de reconhecer que o mundo exterior
lhe imporá reveses consecutivos, dos quais ele terá de dar conta, ao mesmo
tempo em que lida com as suas limitações humanas. A orfandade é a perda do
chão, do esteio primordial para a existência e, sendo uma injunção extrema para
o sujeito que a experimenta, descortina diante dele duas possibilidades
igualmente perturbadoras: sobreviver carregando as cicatrizes da perda, ou
abdicar da sanidade e sucumbir por completo. E é justamente na orfandade que o
sujeito experimenta os primeiros passos na construção de si mesmo, pois os estigmas
da perda o acompanharão vida afora, lembrando-o constantemente do que lhe cabe
fazer de si mesmo.
No arquétipo seguinte, o Nômade,
tem-se o indivíduo em trânsito, deixando para trás a inocência perdida e a
orfandade experimentada ou, pelo menos, no caminho para fazê-lo. O andarilho, o
viajor, o errante remetem à condição humana do sujeito em busca de si mesmo, ao
sujeito em permanente construção. Na próxima etapa, surge o Guerreiro. Na luta
pela sobrevivência, o Nômade aprende a lutar para se defender e, em dado
momento, vai ter de se deparar com o Mártir, onde as experiências dolorosas da
orfandade serão devidamente atualizadas, antes de desembocar na última etapa da
viagem, que é tipificada pelo Mago.
O
Nômade que se fez Guerreiro tem no Mártir o seu maior desafio, pois é
justamente aí que a sua experiência transata de perda lhe imporá a reflexão
sobre a ética e a moral. Se o Guerreiro acolhe a perda e o aprendizado que ela
encerra, torna-se apto a passar para o nível do Mago, elegendo para si mesmo uma
ética própria. Se, porém, ele opta por denegar a própria perda e cede ao apelo
moral e coercitivo do mundo exterior, a sua passagem para o último nível não se
dá em completude. O temor constante da
punição externa – que ecoa a perda pregressa da qual o sujeito segue a fugir –
converte o Mago num mero charlatão e o herói passa ao nível de reles
mercenário.
O
Mártir é, portanto, o grande desafio ético do sujeito de si para consigo mesmo.
A última etapa para a transcendência representada pelo Mago, onde a conquista
da sabedoria é consequência direta da eleição de um paradigma ético, oriundo do
aprendizado haurido da própria orfandade, que deixa a condição de tabu para ser
encarada como ponto de nascimento do sujeito propriamente dito. Parafraseando
Lacan (2010), a castração representada pela orfandade se torna o ponto de
nascimento da própria alma.
Mas,
para que essa assunção da orfandade possa vir a se constituir na experiência de
transcendência comum à jornada do herói, faz-se mister que o sujeito disponha
de um esteio suficientemente sólido para encarar e reviver a dor da perda, no
afã de extrair desse mergulho nas águas do Aqueronte de sua própria pisque, a
invulnerabilidade necessária para prosseguir na viagem que o aguarda. Nos dois
arquétipos que antecedem o Mártir, temos o Nômade e o Guerreiro. O primeiro
tende a fugir do perigo quando se vê exposto a ele, até que o segundo surge na
qualidade de imperativo decretado pelas próprias circunstâncias existenciais, e
a coragem deixa de ser um luxo para se converter em atributo indispensável à
própria sobrevivência. O Nômade, como já foi dito antes, está em trânsito,
tentando deixar para trás um passado doloroso e tudo que a ele remeta. A grande
ameaça nesse estágio é o de se perder tentando fugir de si mesmo, pois nessa
conjuntura onde o herói experimenta a transitoriedade da existência em toda a
sua pujança, a sua própria identidade ainda é algo indefinido. Ele sai do
extremo da prisão para o extremo da fluidez, até que o Guerreiro o obriga a
reconhecer a própria capacidade e começar o seu trabalho de delimitação
subjetiva.
Se a história do
Órfão começa no paraíso, a do Nômade tem início no cativeiro. Nos contos de
fadas, o Nômade pode estar encerrado numa torre ou caverna e costuma ser
prisioneiro de uma bruxa, de um ogro tirano, de um dragão ou de alguma outra
fera temível. Via de regra, o captor simboliza o status quo, o conformismo e a falsa identidade impostos pelos
papéis culturais predominantes [...]. Costuma-se dizer ao herói que a gaiola é
o Éden e que a fuga acarretará inevitavelmente a privação da graça; isto é, a gaiola
é preferível. A primeira tarefa do Nômade consiste em alcançar a verdadeira
visão: declarar ou reconhecer que a gaiola é uma gaiola e que o captor é um
vilão. O que é especialmente difícil, porquanto o herói pode não apenas temer a
busca como desaprová-la, e esses sentimentos e julgamentos provavelmente serão
reforçados pelos das outras pessoas. (PEARSON, 1997, p. 84-5)
Trazendo os apontamentos da autora
para a obra focalizada por este estudo, ver-se-á uma clara correlação com a
situação do presbítero da Carteia. Eurico é um nômade, um sujeito errante.
Frustrado pela impossibilidade de unir-se à amada, ele se condena a vagar pelos
ermos da própria alma em busca de lenitivo para as suas aflições
inconfessáveis. Ao mesmo tempo, ele revive a situação anterior de perda,
colocando-se na qualidade de prisioneiro da Igreja. O sacerdócio intensifica
sobremodo o seu calvário íntimo – e há diferenças substanciais entre martírio e
sofrimento gratuito, como se poderá ver logo a seguir – da mesma forma que lhe
faculta criar uma nova identidade, onde passado e presente se fundem. O poeta
de antanho se converte num compositor religioso. A religião é o seu captor e,
tal como o Nômade que ainda não logrou reconhecer o próprio cativeiro para
abraçar sua condição de andarilho, Eurico enaltece o seu algoz e faz do mesmo a
justificativa para a sua contínua fuga de si mesmo.
Se o Mártir é o ponto da grande virada ética, o martírio nem sempre é
indicativo de uma grande eticidade. O verdadeiro martírio produz abalos, chacoalha
consciências e afeta estruturas sociais tidas por inatacáveis. O
pseudo-martírio, entretanto, além de não produzir transformações, pode
inclusive dar força àquilo que se deveria combater, num acumpliciamento
criminoso e inaceitável. Há indivíduos que
se expõem a grandes humilhações e sofrimentos, premidos por circunstâncias que
nada têm a ver com ética, mas apenas com uma crença equivocada a que se aferram
(PEARSON, 1997) e cuja obsessão tende a lhes cobrar um preço altíssimo.
Exatamente como sucede a Eurico no fim de sua jornada.
Quando analisamos o
profundo impacto que mártires como Cristo ou Gandhi causaram no mundo, torna-se
compreensível que algumas pessoas reajam glorificando o martírio em si. Num
nível de análise mais complexo, contudo, não é preciso concluir que seu exemplo
exige nosso próprio martírio. Existem muitas missões diferentes, muitos
caminhos diferentes. Para o Cristo, morrer voluntariamente em prol do amor foi
a realização de sua vida. Para outra pessoa, o martírio poderia ser uma válvula
de escape para as duras exigências da vida. O princípio da sabedoria consiste
em ser capaz de distinguir entre o sacrifício transformador e o simples
sofrimento causado por nossa covardia ou falta de imaginação, que nos impedem
de imaginar uma forma mais alegre de viver. (PEARSON, 1997, p. 149)
“Válvula de escape”. Dificilmente se
poderia pensar numa expressão mais adequada para dizer da conjuntura a que o
gardingo visigodo se condena, na qualidade de presbítero da Carteia. Ao mesmo
tempo em que Eurico pode fruir da sua paixão platônica por Hermengarda
agrilhoado às cadeias do sacerdócio, quando ele se depara com a possibilidade
real e concreta de ter em seus braços a verdadeira
Hermengarda, opta pela imagem da
amada que passou anos acalentando em sua solidão. O celibato é invocado como
álibi para a deserção de si mesmo. Entre a mulher amada e a imagem dessa mesma
mulher por ele construída, o Cavaleiro Negro cede à fascinação especular em que
se enredara, submergindo tal qual Narciso nas águas torvas da própria ilusão.
Eurico e o presbítero: crime e castigo
Em
última instância, o pseudo-martírio do guerreiro do Críssus não somente
sanciona a continuação do duplo calvário dos personagens, como também se
converte em duplo crime, pois Eurico deixa escapar a chance de matar o
comandante invasor, ao passo que a irmã de Pelágio enlouquece pouco depois de
sofrer a rejeição do amado. Observando pelo prisma da guerra, o ato do
presbítero se configura quase que num crime de lesa-pátria, já que ele dispunha
de habilidades de combate mais do que suficientes para derrotar Muguite e com
isso mudar o curso da invasão sarracena. Tomando-se, porém, o drama amoroso
como ponto de vista, também poderia ser interpretado como um assassinato
simbólico, uma vez que a loucura de Hermengarda é também uma metáfora para a
morte da moça enquanto sujeito de desejo. Uma morte, aliás, ainda mais dolorosa,
posto que a perda da razão equivaleria a ser sepultada viva, tendo o próprio
corpo como sepulcro.
Ainda
que a hipótese de o ato de Eurico se configurar num crime possa soar
estapafúrdia, é válido lembrar o que o próprio narrador traz ao final do romance,
no instante supremo do presbítero da Carteia.
Um contra três! –
Era um combate calado e temeroso. O cavaleiro da Cruz parecia desprezar
Muguite: os seus golpes retiniam só nas armaduras dos dois godos. Primeiro o
velho Opas, depois Juliano caíram.
Então, recuando, o guerreiro cristão exclamou:
- Meu Deus! Meu
Deus! – Possa o sangue do mártir remir o crime do presbítero!
E, largando o franquisque levou as mãos ao
capacete de bronze e arrojou-o para longe de si.
Muguite, cego de
cólera, vibrara a espada: o crânio do seu adversário rangeu, e um jorro de
sangue salpicou as faces do sarraceno.
Como tomba o abeto
solitário da encosta ao passar do furacão, assim o guerreiro misterioso do
Críssus caía para não mais se erguer! (HERCULANO, 1972, p. 176)
Qual seria o “crime do presbítero” a que
Eurico fez menção pouco antes de receber o golpe fatal? Porventura seria a sua
hesitação em seguir adiante com a penitência clerical que se impusera, quando
cogitou num momento sumamente fugidio de apostatar do celibato para se unir com
Hermengarda? Reconhecer-se novamente como sujeito de desejo e não como mero
fantoche das circunstâncias, fora esse o seu crime?
A própria frase – a última proferida
por Eurico antes de expirar – encerra a resposta: “Possa o sangue do mártir
remir o crime do presbítero!”(HERCULANO, 1972, p. 176). O mártir sangra e
morre, é humano, ao passo que o presbítero nada mais é do que um significante
imposto pela cultura e, como tal, desprovido de vida por si só. O crime do
presbítero residia no fato mesmo de ser presbítero,
de obstar a existência do sujeito de desejo, humano, castrado e temeroso da
finitude como qualquer mortal. Aliás, é válido considerar mais uma vez que o Mártir,
longe de ser um sujeito consumido pelo desencanto e pela vontade de se atirar à
morte é, na realidade, alguém em quem a vida transborda com uma plenitude
difícil de ser traduzida em palavras (PEARSON, 1997). No caso do gardingo de
Alexandre Herculano, a situação é bem diferente: Eurico é um homem amargurado e
solitário que, ante a possibilidade de concretizar o anseio inalcançável de
unir seu destino ao de Hermengarda, opta por preservar o seu objeto de desejo
como sendo algo inatingível. Depois de anos arrastando uma existência que mais
se afigurava a uma morte-vida, romper com tudo isto para se permitir uma
felicidade concreta requer do personagem uma coragem que ele absolutamente não
possui. Diante disto, morrer em combate contra Muguite e os dois traidores da
pátria, se configura como o álibi perfeito para consolidar no plano objetivo a
morte que de há muito já se dera no plano íntimo do presbítero de Carteia.
O
próprio título da obra, quando considerado por esse prisma, ganha uma nova
conotação: Eurico, o presbítero, não
diz apenas da função exercida pelo protagonista da trama. Na verdade, o aposto
empregado por Herculano para adjetivar o seu gardingo também parece exprimir
uma relação de oposição, de conflito. Ao menos é esta a conclusão a que se pode
chegar quando a leitura da obra se finda e o foco incide com maior força no
dilema existencial que consome Eurico, cuja culminância é um suicídio encenado
como martírio nas mãos dos inimigos da pátria que ele se dispõe a defender.
O
presbítero foi algoz de Eurico ao longo de sua existência. A impossibilidade de
contrair o matrimônio com Hermengarda em virtude da sua ascendência plebéia o
leva a abraçar a vida religiosa, mas isso, longe de retirar a lembrança da
amada de seu coração, apenas a intensifica e a torna ainda mais dolorosa.
Eurico, poeta na juventude, passa a investir o seu desejo na religião, fazendo
do celibato uma via suprema de autoflagelação da própria libido, que não
lograra encontrar nos braços da amada inalcançável o refrigério desejado para o
fogo voraginoso que lhe calcinava as entranhas da própria alma.
A nova existência
de Eurico tinha modificado, porém não destruído, o seu brilhante caráter. A
maior das humanas desventuras, a viuvez do espírito, abrandara, pela
melancolia, as impetuosas paixões do mancebo e apagara nos seus lábios o riso do
contentamento mas não pudera desvanecer no coração do sacerdote os generosos
afetos do guerreiro, nem as inspirações do poeta. O templo havia santificado
aqueles, moldando-os pelo Evangelho, e tornado estas mais solenes,
alimentando-as com as imagens e sentimentos sublimes estampados nas páginas
sacrossantas da Bíblia. O entusiasmo e o amor tinham ressurgido naquele coração
que parecera morto, mas transformados; o entusiasmo em entusiasmo pela virtude;
o amor em amor dos homens. E a esperança? Oh, a esperança, essa é que não
renascera! (HERCULANO, 1972, p. 31)
A
metamorfose sugerida pelo narrador nesse excerto é oposta à que ocorre com a
lagarta que se converte em borboleta. Enquanto a forma anterior morre para dar
lugar a uma nova vida mais sutil e ágil, a metamorfose de Eurico segue na
contramão: ele preserva a forma física, mas está morto por dentro. Levou a
efeito a sublimação dos afetos pela via da religião, mas isso, longe de lhe
conferir paz de espírito, apenas o atormenta com redobrada força. A invasão
moura surge para ele como a via de redenção, a oportunidade de se reconciliar
com o passado. O guerreiro de antanho que depusera as armas e trocara a espada
pela cruz, volverá ao campo de batalha, desta vez empunhando a espada e o
franquisque em nome da mesma cruz a que se rendeu. E, no caminho do guerreiro,
ele terá de se haver com o poeta e o apaixonado que supunha haver deixado para
trás em caráter definitivo, mas que sempre o seguiram de perto, lutando
ferozmente para libertá-lo das garras aduncas do personagem clerical criado por
ele mesmo para seviciá-lo.
O sacrifício
apropriado proporciona aos Mártires o conhecimento mais profundo de seus
valores e compromissos com o trabalho e as outras pessoas, e assim os torna
mais, e não menos, eles mesmos. Inversamente, o sacrifício impróprio os faz
perder o contato consigo mesmos e com sua capacidade de amor, intimidade ou
mesmo a alegria da relação, o que resulta numa tendência para experiências
substitutivas, trocando a identidade de outrem pela própria. Assim, é
fundamental que as outras pessoas lhes correspondam às expectativas. (PEARSON,
1997, p. 148)
O sacrifício levado a efeito por Eurico foi o
sacrifício da sua própria singularidade. O presbítero já lhe assassinara
duplamente a alma, condenando-o à ruminação de um amor impossível e repudiando
esse mesmo amor quando ele vinha se mostrar possível, como na cena inolvidável
da caverna de Covadonga (HERCULANO, 1972, p.155-162). Restava apenas dar cabo
do corpo, reduzido à mísera condição de esquife de uma alma já decomposta. E é
justamente nesse transe derradeiro que Eurico consegue bradar por entre a escuridão
de seu espírito devastado, clamando aos Céus para que o sangue do mártir possa
purificar o mal longamente perpetrado pelo clérigo visigodo. Um clérigo que já
nascera perjuro e traidor, pois buscara fazer do próprio Deus cúmplice do
hediondo sacerdócio de horrores íntimos a que condenara o gardingo.
Por
fim, é interessante salientar que Eurico fez questão de dirigir os seus golpes
apenas contra os traidores da pátria por um motivo bastante particular. Ao
matar o conde e o bispo, ele também exterminava os símbolos maiores da sua
desgraça pessoal: a fidalguia e a religião. A nobreza visigótica que lhe negara
o direito ao amor e a Igreja que consolidara tal desgraça roubando-lhe a
própria alma, devidamente representados por Juliano e Opas.
Mortos os dois ícones de uma cultura que o
matou enquanto sujeito de desejo, Eurico estava livre para entregar de bom
grado a própria vida ao invasor mouro, libertando-se deste mundo e do círculo
cultural a que estava preso, pelas mãos de alguém que não integrava a mesma
realidade que sempre odiara em surdina. De há muito a Espanha Visigótica estava
já morta, assim como ele, apenas esperando pela mão que desferisse o golpe
fatal e consumasse de uma vez para sempre o seu trágico destino. Outrossim, morrer
pelas mãos de um islamita, sem esboçar qualquer reação que não o clamor por ele
emitido antes de ter o crânio esmigalhado, foi a melhor e mais doce das
vinganças para Eurico. O presbítero, seu algoz interior, desaparecia para
sempre, respondendo por isso com um suicídio premeditado. Uma afronta mais do
que perfeita à hipocrisia da religião que proibia dar cabo da própria
existência, mas que condenava os seus representantes a se matarem intimamente
para o ofício sacro.
Considerações finais
Embora
se possa contrapor a esta análise que uma leitura psicanalítica da trama de
Alexandre Herculano seria algo anacrônico e questionável, por ignorar as
injunções sócio-culturais presentes no cenário da Espanha do século VIII,
também se pode alegar que a narrativa em questão é uma releitura da Alta Idade
Média, fundamentada na visão de mundo de um autor do século XIX. O Romantismo,
assim como as vertentes que o precederam, foi uma resposta artística e literária
ao mal-estar da época, tanto quanto as escolas que a ele se seguiram.
O
fato é que o mal-estar do sujeito face aos imperativos de subordinação à
cultura, sempre ensejaram a reflexão da condição humana pela via da arte. No
caso de Eurico, a abordagem do suicídio trata justamente de uma devastação
afetiva tão intensa que a morte seria apenas a completude física para a morte
subjetiva em que ele jazia. Temática comum ao Romantismo, o ímpeto de
autodestruição permanece até hoje na qualidade de esfinge a desafiar a
compreensão racionalista e cartesiana do Ocidente. Os meios de que o personagem
se vale para consumar de forma tão trágica o seu drama pessoal são o que
realmente chama a atenção, pois ele converte um pecado mortal para a tradição
cristã em via de expiação para o crime do presbítero em que ele se tornara.
Eurico promove uma reordenação de valores como último ato de sua tragédia, na
tentativa de reaver a pureza caótica de sua própria condição humana. Assim como
sucede à franca maioria dos suicidas, o que o gardingo buscava era o fim do seu
sofrimento, dispondo-se até mesmo a abraçar a morte para alcançar tal objetivo.
REFERÊNCIAS:
CAMPBELL, J. O herói de mil faces. Tradução Adail
Ubirajara Sobral. 10ª ed. São Paulo: Editora Cultrix/Pensamento, 1997.
FREUD, S. Obras completas. Volume XII. Tradução
de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010
FREUD, S. Obras psicológicas completas: edição standard brasileira. Tradução de Jayme
Salomão. Volume XXI. Rio de Janeiro:
Imago, 1996.
HERCULANO, A. Eurico, o presbítero. Texto integral.
Coleção Obras imortais da nossa literatura, v. 8. Rio de Janeiro: Editora Três,
1972.
LACAN, J. O
seminário, livro 8: A transferência. Texto
estabelecido por Jacques-Alain Miller; [versão brasileira de Dulce Duque
Estrada; revisão de Romildo do Rêgo Barros]. – 2. ed. – Rio de Janeiro: Zahar,
2010. pp. 275 – 291.
PEARSON, C. S. O herói interior: seis arquétipos que
orientam a nossa vida. Tradução Terezinha Batista Santos. 12ª ed. São Paulo:
Editora Cultrix, 1997.
SARAIVA, A. J.; LOPES, O. História da Literatura Portuguesa. 17ª
Edição, Corrigida e Actualizada. Porto, Portugal: Porto Editora, 2005.
[1] Homem nobre que exercia altos
cargos na corte dos príncipes visigodos. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/gardingo/> Acesso em: 24 set. 2016, às
01h44min.
Ex-ce-len-te. A melhor análise sobre essa grande obra de Herculano. Alan, você é o 'cara'. Parabéns é pouco para expressar a minha admiração.
ResponderExcluirWilson Duarte - Niterói
Olá, Adhonep!
ResponderExcluirAntes de mais nada, muito obrigado pelo seu comentário. Fico feliz que tenha gostado e que a leitura lhe tenha sido satisfatória. Esse artigo foi gestado num período bastante complicado, mas foi muito bom de escrever.
Desculpe pela demora em responder, mas o Blogger estava meio estranho nos últimos tempos.
Mais uma vez, muito obrigado por acompanhar o Blog e pelo seu depoimento.
Impressionante análise. Tenho "Eurico" como a grande obra que li em toda minha vida, páginas e páginas de rara sabedoria. E pensava saber tudo sobre ele, mas sua avaliação me trouxe facetas novas, intrigantes detalhes que eu não havia captado perfeitamente. Parabéns pelo seu aprofundamento seguro na obra de Alexandre Herculano e obrigado pelo conhecimento que obtive. Muito obrigado !!!
ResponderExcluirOlá, José!
ExcluirMuito obrigado pelas suas gentis palavras. Fico muito feliz de saber que a leitura do texto foi tão satisfatória a esse ponto.
Muito obrigado por acompanhar o Blog e pelo seu depoimento. Abraços!